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EX VEGANS

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Relatos impressionantes sobre como as nossas escolhas podem afetar nossa saúde e nosso convívio social.

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Se você conhece alguém que já foi vegano ou vegetariano, me envie uma mensagem. 

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“A carne me devolveu a força aos 75 anos, após 40 anos sem ela”

Anônima, Gerente Comercial, 75 anos (2025)

Tenho 75 anos e trabalho como gerente comercial em uma indústria. Minha história com o vegetarianismo começou ainda nos anos 80 e início dos anos 90, quando comecei a reduzir o consumo de carnes. Não foi por ideologia, mas por saúde: eu sofria com fortes dores de estômago, enjoos e mal-estar gástrico constantes. Amparada por médicos da época, acreditava que a carne era a responsável por tudo isso. Assim, permaneci vegetariana até meados de 2019, em um total de quase 40 anos.

Quando precisei voltar a comer carne, a transição foi extremamente difícil. Eu não era vegetariana por filosofia, tanto que sempre cozinhei carnes para minha família e promovia churrascos, mas o paladar e, principalmente, a textura das carnes sempre foram um grande desafio para mim. A decisão de voltar não foi opcional: minha ferritina tinha chegado a 4. Eu estava fraca, com mobilidade reduzida, sarcopênica, obesa e sem forças nem para levantar sozinha do sofá. Após quatro internações por pneumonias e infecções, recebi o diagnóstico definitivo da hematologista: ou eu voltava a comer carne e fígado, ou precisaria de transfusões constantes.

No início, os benefícios foram rápidos, mas o processo psicológico foi bem duro. Nos primeiros dias e semanas, comer carne era quase um suplício. Eu precisava ingerir cerca de 90 g de proteína animal por dia, o equivalente a aproximadamente 300 g de carne pronta. Era um martírio lidar com a textura. Ainda assim, insisti e, felizmente, logo comecei a perceber mudanças extremamente positivas.

Em poucas semanas, voltei a sentir disposição física. Conseguir levantar sozinha do sofá novamente foi uma alegria indescritível. Minha cognição melhorou, minha energia mental aumentou e meu humor também se transformou. Com o tempo, continuei evoluindo: ganhei massa muscular, melhorei minha mobilidade e minha saúde de forma geral deu um salto enorme. Hoje transito entre dietas low-carb, cetogênica e até carnívora, e afirmo com toda convicção que nunca estive tão saudável.

Ao longo desses cinco anos, perdi 42 kg — eu tenho 1,54 m e cheguei a quase 100 kg. Ganhei muita massa muscular, mantenho a saúde óssea preservada, treino musculação quatro vezes por semana, trabalho, viajo, cuido da casa e até voltei a cozinhar com prazer.

Não me arrependo de ter sido vegetariana. No início, de fato senti melhorias na digestão e no desconforto gástrico. Mas, com o tempo, muitos sintomas voltaram, embora eu continuasse acreditando que estava fazendo a melhor escolha. Já de ter voltado a comer carne, não me arrependo jamais. Foi a decisão que literalmente me devolveu saúde, autonomia e qualidade de vida.

Eu respeito a decisão de cada pessoa. Mas sempre digo que, caso alguém se preocupe profundamente com animais, existe o vegetarianismo, que ainda inclui ovos e lácteos, alimentos fundamentais para que eu mantivesse o mínimo de saúde durante tantos anos. Esses alimentos são produzidos sem inviabilizar a vida do animal, o que permite que a pessoa mantenha seus princípios e ainda preserve minimamente a saúde. Já conheço casos de pessoas próximas que, após essa reflexão, decidiram manter ovos e whey protein na alimentação, conciliando filosofia e saúde.

Por fim, acredito profundamente que evoluímos como espécie comendo carne. Substituir um alimento ancestral por produtos ultraprocessados está adoecendo as pessoas. Para mim, é simples e claro: “CARNE É VIDA”.

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"Eu Acreditei, Tentei, Persisti — Mas Meu Corpo Pediu Carne”

Anônima, Profissional de vendas, 23 anos (2025)

Tenho 23 anos e trabalho no pós-vendas de uma grande empresa de suprimentos para indústrias de alimentos, incluindo frigoríficos. Estou em transição de carreira para a área de vendas e já estou na empresa há cerca de cinco anos. Decidi me tornar vegetariana quando tinha entre 17 e 18 anos, e permaneci nessa dieta por aproximadamente seis anos. No começo, tudo parecia muito natural para mim. Eu estava motivada, convicta e, por estudar Técnico em Veterinária na época, comecei a ver muitas imagens e vídeos relacionados a abates ilegais nas redes sociais. Aquilo me marcou profundamente e me fez não querer mais comer carne. Eu sempre amei animais, então a decisão fez muito sentido naquele momento.

Nos primeiros meses, a experiência foi tranquila. Minha digestão melhorou bastante, porque sempre tive um estômago meio pesado, mesmo mantendo uma alimentação saudável. Eu me sentia leve e empolgada, como se estivesse realmente fazendo algo alinhado aos meus valores. Mas, com o passar do tempo, começaram a aparecer sinais de que o meu corpo não reagia tão bem assim. Comecei a sentir muita fraqueza, um sono constante, e por pouco não desenvolvi anemia. Tive déficits importantes de vitaminas, e mesmo seguindo dietas, suplementações e consumindo muitos alimentos vegetais ricos em proteína, como soja e grão-de-bico, nunca consegui repor de verdade o que a carne fornecia. As vitaminas estavam sempre baixas.

Apesar disso, continuei na dieta por bastante tempo, porque acreditava na minha escolha e respeitava o propósito inicial que me levou até ela. Eu nunca fui a vegetariana “radical”, que reclama das pessoas usarem a mesma panela (contaminação cruzada). Era uma decisão minha, e eu sempre respeitei as escolhas alheias. Mas, depois de alguns anos, começou a surgir uma vontade real de comer carne. A minha família é da roça e sempre foi muito ligada a animais, criação e culinária típica. Meu avô faz um torresmo carnudo maravilhoso, e por anos eu nunca tive vontade de provar. Até que, no último ano da minha fase vegetariana (voltei a comer carne a um ano), a vontade apareceu, e eu comi. A partir dali, foi só “ladeira abaixo”. Depois de seis anos sem carne bovina, em um ano eu já tinha comido praticamente tudo o que tinha deixado de comer.

Durante o penúltimo ano do vegetarianismo, quase cheguei ao ponto de ter todas as vitaminas abaixo do ideal, segundo minha médica. Após o retorno à carne, a primeira sensação foi estranha. Na primeira mordida, especificamente o torresmo, me fez sentir um incômodo, talvez porque meu estômago estava desacostumado e também porque era uma carne mais pesada. Tive azia. Mas no dia seguinte, no churrasco de domingo, comi carne novamente e já foi tranquilo. A partir dali, comecei a sentir coisas boas: mais energia, mais disposição e a sensação clara de que meu corpo estava recuperando algo que fazia falta.

Não me arrependo de ter me tornado vegetariana, porque naquele momento era algo que eu acreditava profundamente. Mas também não me arrependo de ter voltado a comer carne. Passei a entender melhor meu corpo, minhas necessidades e a realidade prática da vida. Se alguém me pergunta se eu recomendaria o vegetarianismo, eu digo que depende. Se a pessoa está alinhada com seus valores, tem acompanhamento nutricional, consegue manter vitaminas e nutrientes em níveis bons e se sente bem, então siga. Mas eu vejo muitas pessoas entrando em uma bolha, acreditando que é 100% perfeito, que todos deveriam ser assim, como se fosse a única forma “correta” de viver. Só que tudo tem prós e contras, e nem sempre o corpo acompanha nossas ideologias.

Também acho que é preciso mais respeito entre vegetarianos, veganos e consumidores de carne. Vivi os dois lados e sei como existem julgamentos dos dois tipos. Quando eu era vegetariana e por trabalhar em uma empresa que atende frigoríficos, muita gente me criticava, como se eu fosse incoerente. Mas, na verdade, eu conheço de perto o trabalho da empresa, sei que lidamos apenas com abate legal, com todas as premissas exigidas, e isso nunca foi motivo de conflito interno para mim.

Hoje, tendo voltado a comer carne, vejo muitos conteúdos de redes sociais dizendo que dá para substituir tudo perfeitamente. Mas, na prática, nem eu nem muitos dos meus amigos vegetarianos conseguimos manter níveis adequados sem suplementação pesada. Grande parte teve anemia ou ficou pré-anêmico, como eu. Eu realmente acredito que os estudos precisam avançar nesse tema, porque a teoria nem sempre encontra a realidade do corpo humano.

No final, percebi que não existe dieta universalmente perfeita. Existe aquilo que o seu corpo sustenta, aquilo que você consegue manter sem prejudicar sua saúde. E existe, acima de tudo, a necessidade de respeito entre todos esses modos de viver.

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“Quando o Vegetarianismo Deixou de Funcionar Para Mim”

Anônima, 30 anos (2025)

Tenho 30 anos e sou dona de casa. Tornei-me vegetariana entre os 21 e 22 anos. Naquele período, o que mais me motivou foram as questões ambientais ligadas à produção de carne e, em menor grau, algumas dúvidas sobre possíveis riscos à saúde, como antibióticos e hormônios presentes nas carnes — embora eu mesma não tivesse certeza científica sobre isso.

No começo, a transição foi tranquila. Não senti diferenças marcantes, e com o tempo continuei sem grandes mudanças perceptíveis. Talvez apenas uma perda mais rápida de massa muscular, mas nada muito evidente. Um ponto que facilitou bastante é que meu esposo já era vegetariano, então encontrei apoio em casa e descobri muitas receitas boas. Além disso, percebi uma redução no gasto financeiro, o que achei positivo.

Por outro lado, comer fora de casa foi um desafio. Era difícil encontrar pratos realmente bons ou bem preparados em restaurantes e lanchonetes. Muitas vezes, quando havia alguma opção, ela era sem graça, mal feita ou pouco nutritiva.

Ao longo dos cerca de oito anos em que segui a dieta, não tive grandes pontos positivos ou negativos adicionais. Eu meio que me acostumei com a rotina alimentar. Porém, havia um detalhe incômodo: minhas taxas de ferro e vitamina B12 eram frequentemente baixas. Os sintomas — fadiga, estresse e sonolência — me acompanhavam desde antes, mesmo quando eu ainda comia carnes, mas permaneceram durante o vegetarianismo, então não sei se posso associá-los exclusivamente à dieta. De qualquer forma, era algo que sempre surgia nos exames.

Com o passar do tempo, alguns fatores começaram a me levar à decisão de voltar a comer carne. O primeiro foi a vontade genuína, que apareceu especialmente durante minha segunda gestação. Eu também passei a refletir mais sobre o impacto ambiental e percebi que, na prática, meu consumo individual tinha pouca influência no cenário global. Além disso, quando descobri que tinha doença celíaca e comecei a ler mais sobre dietas vegetarianas em relação a doenças autoimunes, percebi que talvez não fosse a melhor opção para mim naquele momento.

O retorno aconteceu no início do ano passado. Logo nos primeiros exames, tive ferro alto pela primeira vez sem suplementação — apenas consumindo carne novamente. Como eu já estava há quatro anos sem glúten e com o intestino menos inflamado, acredito que tudo se somou. Psicologicamente, as sensações foram boas; corporalmente, também. Notei uma melhora na absorção do ferro, senti-me menos irritada e, de forma geral, mais equilibrada.

Não me arrependo de ter sido vegetariana. Acho que foi uma fase importante, mas que, para mim, não funcionou tão bem a longo prazo. Também não me arrependo de ter voltado a comer carne. Sinto apenas que cada pessoa responde de um jeito, e no meu caso, hoje vejo que preciso desse tipo de alimento.

Durante o período vegetariano, eu consumia ovos e leite diariamente. Minha primeira filha também seguiu a dieta junto comigo por um tempo, já que parei de comer carnes quando ela tinha cerca de um ano e meio. Quando voltei a consumir carne, ela quis provar também, e hoje come normalmente.

Não tenho exames para comprovar, mas tenho a sensação de que perdi massa magra mais rápido enquanto era vegetariana. Também acredito que não consumia boas quantidades de gorduras de qualidade, o que pode ter influenciado algumas coisas. Hoje me sinto mais estável, tanto física quanto emocionalmente.

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“A dieta que me adoeceu e a comida que me devolveu a consciência”

Anônima, Empresária e Terapeuta, 41 anos (2025)

Tenho 41 anos, sou empresária e terapeuta, e vivi cerca de 18 anos como vegetariana. Tornei-me vegetariana aos 24 anos, movida principalmente pelo amor aos animais e pela convicção sincera de que meu corpo não precisaria de alimentos de origem animal. No início, a mudança foi tranquila, e emocionalmente eu me sentia em paz, feliz por seguir aquilo que acreditava ser o mais correto.

Os anos foram passando e, apesar de eu fazer muita suplementação, vários problemas começaram a surgir. Na época eu não associava nada à dieta, porque eu estava tão convicta da minha escolha que simplesmente não cogitava que pudesse haver relação. Porém, gradualmente, meu corpo começou a dar sinais cada vez mais fortes de que algo não estava bem. Foi um processo lento, desgastante e silencioso, que se acumulou ao longo dos 18 anos de vegetarianismo.

Com o tempo, desenvolvi uma série de problemas de saúde que hoje consigo enxergar como parte de um quadro mais amplo: disbiose intestinal, síndrome do intestino permeável, intolerância aos carboidratos, estufamento abdominal persistente, fermentação, dores abdominais constantes, SIBO/CIPO, intolerância à lactose e ao glúten, hipotireoidismo, Hashimoto, neuroinflamação, dificuldades de raciocínio e memória, urticária colinérgica, endometriose, infertilidade (foram 18 anos tentando engravidar, três FIVs sem sucesso e agora me preparando para um novo TEC), dores de cabeça crônicas, tonturas, extrema falta de energia, cansaço crônico, baixa libido, candidíase recorrente, baixa progesterona, pólipo endometrial, sensibilidade intensa ao frio e dores articulares em mãos e pernas. Meus exames laboratoriais também se desregulavam com frequência, e hoje ainda estou ajustando muitos deles com suplementação.

Foram tantos sintomas, tantas idas a médicos, tantos tratamentos, que chegou um ponto em que eu me percebia apenas sobrevivendo. Mesmo assim, por muito tempo não cogitei voltar a comer carne. Foi preciso chegar ao limite físico, cognitivo e emocional para finalmente considerar essa possibilidade. O que me levou a abandonar a dieta, no fim das contas, foi a saúde — ou melhor, a perda dela.

A decisão de voltar a comer carne amadureceu lentamente dentro de mim, depois de incontáveis tentativas, tratamentos e frustrações. E quando finalmente retornei, defino hoje que estou cerca de 90% carnívora. Estou há pouco mais de três meses nessa transição, e mesmo sendo um início, já sinto mudanças profundas e visíveis. Meu raciocínio está mais rápido, minha cognição melhorou, as enxaquecas diminuíram muito, o estufamento abdominal reduziu drasticamente, as tonturas desapareceram, deixei de ter aqueles episódios de quase desmaio, voltei a dirigir e consegui retomar atividades físicas. A sensação é de que meu cérebro estava precisando desesperadamente de gordura boa para funcionar, e agora, finalmente, está recebendo o combustível de que precisava.

O retorno à carne foi, para mim, extremamente positivo. Ainda vejo essa fase como o início de uma longa jornada de recuperação, mas pela primeira vez em muitos anos eu sinto que estou deixando de apenas sobreviver e voltando verdadeiramente a viver.

Não me arrependo de ter sido vegetariana. Minha caminhada foi profunda, pessoal e espiritual. Houve um momento muito íntimo, de dor e busca interior, em que perguntei a Deus o que mais eu precisava saber ou fazer. E a resposta que recebi foi clara: “Volta para a carne.” E eu voltei.

Se eu pudesse dar uma recomendação para quem está pensando em ser vegano ou vegetariano, ou para quem já segue essa dieta, seria: escute o seu corpo acima de tudo. Filosofias podem ser bonitas, mas quando perdemos nossa saúde, impactamos também quem está ao nosso redor. E deixo uma reflexão: e se Deus realmente colocou os animais para nos ajudar, inclusive fisicamente e emocionalmente, na nossa experiência aqui na Terra?

A vida nos move para transformações, e às vezes, infelizmente, é através da dor. Depois de 18 anos como vegetariana, jamais imaginei que voltaria a comer carne, mas fui conduzida a isso. Desejo que todos nós possamos ter expansão de consciência, percepção para entender quando algo precisa mudar e coragem para buscar paz, harmonia, equilíbrio e, acima de tudo, saúde.

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“Meu corpo pediu socorro — e eu precisei ouvir”

Anônima, Dona de casa e Empresária, 28 anos (2025)

Sou dona de casa e empresária, 28 anos, mãe de três crianças pequenas, sendo o mais velho com 2 anos e o caçula com apenas 3 meses. Minha rotina é intensa, cheia de responsabilidades, e ao mesmo tempo extremamente gratificante. Mas, antes de chegar à vida que eu tenho hoje, passei por um período decisivo da minha história: meus anos como vegetariana e vegana.

Tudo começou quando eu tinha 18 anos. Na época, decidi parar de comer carne e me tornei vegetariana. Não era por desgosto profundo da carne — eu comia pouco, é verdade, preferia frango e evitava carnes gordas — mas ainda assim minha decisão veio principalmente por acreditar que seria uma forma de viver de maneira mais “correta” e saudável. Dois anos depois, aos 20, dei um passo além: virei vegana.

O gatilho para essa mudança foi um conjunto de influências que, olhando hoje, percebo que foram muito emocionais. Eu estudava biologia pelo curso online do {nome excluído} e, em uma das aulas, ele citou os gases metanos emitidos pela agropecuária. Fui pesquisar mais e acabei chegando ao documentário A Carne é Fraca. Foi como um soco emocional. O sentimentalismo me capturou completamente. Dois anos depois, outro documentário — ainda mais alarmista — me convenceu de que leite e ovos eram venenos capazes de causar infecções, doenças e até câncer. E assim mergulhei, sem questionar, em uma filosofia que parecia ser a resposta perfeita para “salvar o planeta” e ser uma pessoa moralmente superior.

No início, devo admitir: parecia maravilhoso. Eu emagreci bastante e não sentia nenhum problema aparente. Minha pele melhorou porque cortei o leite, e isso foi, honestamente, o único benefício real do veganismo na minha experiência. Mas os efeitos negativos começaram a aparecer silenciosamente — e, mais tarde, de forma devastadora.

Eu perdi muita massa muscular e achava que isso era vantagem, quando na verdade me tornava aquela “magra falsa”: por fora magra, por dentro cheia de gordura visceral. Com o passar do tempo, vieram unhas fracas, cabelos quebradiços, pele ressecada, perda muscular acentuada, enxaquecas frequentes, sonolência, fraqueza e um ganho de peso significativo depois do primeiro emagrecimento. Meus exames laboratoriais despencaram — inclusive minha vitamina B12, que chegou perto de 130, praticamente um quadro pré-deficiência grave. E isso tudo mesmo sendo muito jovem.

Ainda assim, eu segui firme… até que cedi. Não foi por ideologia, nem por saúde — foi por gula. Eu literalmente voltei a comer carne por um engano: me serviram um prato dizendo que eram cogumelos empanados, mas era frango. Quando percebi, já havia comido. E naquele momento algo dentro de mim simplesmente… liberou. Parecia que meu corpo tinha sido religado. Eu voltei a comer carne de tudo quanto é jeito, sem remorso, como se estivesse recuperando anos de fome reprimida.

Psicologicamente, foi um alívio imenso. Senti uma redescoberta do prazer, da sociabilidade, da convivência. Parei de ser a pessoa difícil nos restaurantes, a convidada problemática nas festas, a chata que sempre tinha algo para reclamar de contaminação cruzada. Eu me reconectei com minha família, com meus amigos—comigo mesma.

Com o retorno da carne, minhas taxas laboratoriais melhoraram. Meu corpo reagiu positivamente. O peso estabilizou. Minha vitalidade voltou.

Hoje eu vejo tudo isso com clareza: me arrependo profundamente de ter caído no discurso ambientalista emocional, sem fundamento sólido. Começa com a sensação de que você é uma pessoa “boa”, evoluída, e termina com você sacrificando sua própria saúde por um ideal que ninguém jamais consegue cumprir de verdade — nem mesmo os grandes influenciadores que defendem isso.

Se naquela época alguém tivesse me ensinado a rebater as frases que me convenceram, talvez eu tivesse escolhido diferente. Frases como:

  • “Arroz e feijão juntos formam uma proteína que é ainda melhor que a carne”

  • “Você não precisa de tanta proteína”

  • “Gordura animal é um perigo por conta do colesterol”

  • “Carne dá câncer”

  • “Nós precisamos das vitaminas e fibras das plantas e não precisamos da carne dos animais”

  • “A carne de soja é igual ou melhor que a carne do boi”

Hoje eu sei o quanto tudo isso é simplista, enviesado e cientificamente inconsistente.

Atualmente sigo a dieta low carb — mais especificamente a cetogênica — e nunca me senti tão bem, tão disposta, tão forte e tão capaz. Trabalho, estudo, empreendo e cuido de três crianças pequenas praticamente sem parar. Eu acordo cedo, durmo tarde, amamento, cozinho, limpo, administro tudo — e não vivo mais arrastando uma fadiga constante, como era antes.

Concluo dizendo que eu não apenas não recomendaria o veganismo ou vegetarianismo, mas incentivo ativamente que as pessoas consumam alimentos de origem animal e evitem ultraprocessados. O corpo humano foi moldado para isso. E a vida simplesmente funciona melhor quando você o alimenta como ele precisa.

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“Voltei a Comer Carne aos 37 – e Recuperei a Saúde que Perdi no Vegetarianismo”

Anônima, Bailarina e Professora de Dança, 48 anos (2025)

Tenho 48 anos, sou bailarina, professora de danças e nutricionista em formação. Também sou proprietária de um laboratório de análises. Sou casada e não tenho filhos.

Minha história com o vegetarianismo começou aos 20 anos. Decidi experimentar a dieta ovolactovegetariana, mas, na verdade, eu já comia pouca carne desde antes — não por questões éticas ou religiosas, simplesmente porque não gostava muito. Quando consumia, eram quantidades pequenas: frango, carne vermelha sem gordura e sempre acompanhada de arroz, feijão, legumes e saladas. Carne de porco eu não comia, e peixe apenas raramente. Acreditei que adotar o vegetarianismo seria uma escolha saudável, capaz de melhorar meu bem-estar, e por isso segui nessa dieta.

No início, a adaptação foi relativamente tranquila. A parte mais complicada eram as interações sociais, mas, como eu mesma preparava meus alimentos, conseguia lidar bem. Naquela época não havia acesso fácil a nutricionistas ou acompanhamento médico, então segui por conta própria por muitos anos.

Por volta dos 29 anos, entretanto, minha saúde começou a se desequilibrar. Passei a ter inúmeras alergias, ganhei peso, desenvolvi dores lombares intensas, Síndrome dos Ovários Policísticos, pré-diabetes, hipoglicemia reativa e até síndrome do pânico. Meus exames vinham todos alterados, e isso me levou a buscar ajuda profissional.

Primeiro procurei um endocrinologista; depois, um médico do esporte; e, em seguida, um alergologista. Depois de vários tratamentos médicos — todos baseados principalmente em medicações — só então surgiu a questão da dieta. Passei um bom tempo tentando outras abordagens antes de aceitar a ideia de voltar a comer carne, porque, apesar de estar mal, ainda resistia muito a essa possibilidade.

Foi o alergologista quem trouxe clareza ao quadro: descobri alergias a conservantes de alimentos e cosméticos, alergia ao mofo presente em alimentos fermentados (como queijos e bebidas) e intolerâncias que estavam agravando meus sintomas. Ele prescreveu uma dieta bastante restrita, eliminando grãos, cereais e todos os industrializados. Eu só poderia consumir carne, vegetais, alguns legumes e, entre os cereais, apenas o arroz.

Diante disso — e depois de meses enfrentando problemas de saúde e tentando tratamentos medicamentosos sem melhora — aos 37 anos decidi voltar a comer carne para tentar restabelecer minha saúde.

A volta foi surpreendentemente tranquila. Meu corpo aceitou muito bem, os resultados começaram a aparecer rapidamente e tudo melhorou de maneira consistente. Aos poucos, tanto os sintomas físicos quanto os exames começaram a se normalizar.

Essa experiência profunda me levou a estudar mais sobre saúde, alimentação e longevidade. Fiz mudanças importantes no meu estilo de vida e, olhando para trás, considero que voltar a consumir carne foi uma das melhores decisões que tomei.

Por tudo o que vivi e também pelo que estudo hoje na área de nutrição e fisiologia humana, não recomendaria o veganismo. Atualmente sigo uma dieta cetocarnívora, focada em recuperar meu metabolismo e otimizar minha saúde.

Se eu pudesse dar uma recomendação para alguém que está pensando em se tornar vegano, seria: pesquise muito. Busque relatos reais de outras pessoas, estude os impactos dessa dieta na saúde, converse com médicos e nutricionistas e obtenha o máximo de informação antes de decidir.

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Entre Ideal e Realidade: O Que Leva Alguém a Deixar o Veganismo?”

Anônima, Recrutadora, 28 anos (2025)

Tenho 28 anos e trabalho com recrutamento e seleção. Sempre fui muito curiosa sobre alimentação, saúde e comportamento — e, durante minha vida adulta, acabei explorando diferentes formas de comer. Entre os 20 e os 23 anos, vivi minha fase vegana, e ela marcou profundamente meu relacionamento com a comida e com meu próprio corpo.

A decisão de abandonar a carne começou mais como uma inquietação ética do que como uma busca por saúde. Eu observava como tratavam a carne apenas como um “ingrediente”, algo sem história, sem respeito, sem aproveitamento real do animal. Isso sempre me incomodou. Para mim, se alguém come carne, deveria ser capaz de comer o animal inteiro — inclusive os miúdos — e não só os cortes “bonitos”. Essa visão me impulsionou a experimentar o veganismo como um posicionamento moral.

A transição, no início, foi relativamente fácil. Eu sentia muita falta do sabor da carne, claro, mas tirando essa saudade, meu corpo reagiu bem. Minha digestão ficou ótima, minha pele e meu cabelo ficaram visivelmente mais bonitos, minha disposição aumentou e meus exames de sangue estavam excelentes. Nunca fui tão cuidadosa com proteínas quanto naquela época — eu realmente estudava combinações, aminoácidos, ingestão calórica… era um compromisso real.

O ponto mais difícil foi cortar laticínios. Eu era vegana de verdade: nada de origem animal em absolutamente nada. Essa postura exigia atenção constante — rótulos, ingredientes, embalagens, detalhes mínimos. Mesmo assim, durante aquele período, minha saúde parecia melhor: eu tinha mais energia, adoecia menos e minha síndrome de Ehlers-Danlos parecia mais controlada.

Mas nem tudo eram flores. Ganhar massa muscular era uma verdadeira batalha, e essa limitação começou a me frustrar. A dieta era extremamente restrita, e, com o tempo, isso começou a pesar emocionalmente. Após quase três anos vivendo entre o veganismo estrito e uma fase ovo-lacto, percebi que a adesão estava se tornando o maior problema. Comer fora, participar de festas, viajar, planejar cardápios… tudo exigia esforço dobrado.

Eventualmente, decidi voltar a comer carne — e é aqui que as coisas ficaram mais complexas. Ao contrário do que muitos imaginam, o retorno não foi movido por desejo ou repulsa ao veganismo, mas por praticidade. Só que, depois de tantos anos de restrição, eu desenvolvi compulsão alimentar. Engordei 14 kg, e não por causa da carne, mas pelo descontrole que veio quando “tudo estava liberado”. De repente, eu queria comer o que não pude comer por muito tempo.

Psicologicamente, voltar a comer carne foi um alívio. Eu sempre gostei do sabor; não era essa a questão. Mas, junto com o alívio, veio um lado físico mais desafiador: minha digestão piorou com carnes gordurosas e meu colesterol — que já é geneticamente muito alto — voltou ao meu padrão habitual. Não foi nada inesperado, mas mudou a forma como eu lidava com meu prato.

Hoje não me arrependo de ter vivido o veganismo, e não me arrependo de ter voltado a comer carne. Para mim, o aprendizado foi sobre equilíbrio. Descobri que meu corpo funciona melhor com carboidratos como fonte primária de energia, carne magra como principal proteína, fibras em abundância e zero extremismos. Nunca fui bem adaptada a dietas gordurosas — carne gorda me derruba, literalmente. Meu corpo não é cetoadaptado: passo mal, tenho diarreia, náusea e vontade de vomitar. Descobri isso quando tentei fazer dieta carnívora com meu marido, que se adaptou super bem. Eu, por outro lado, passei dois meses péssimos.

Se alguém me pedisse um conselho sobre veganismo, eu diria: dá pra ser vegano, dá pra ser saudável, mas não é simples — exige dedicação real. E, pessoalmente, eu acredito que manter ovos e um pouco de laticínio torna a vida muito mais fácil e equilibrada. A proteína animal é diferente, e negar isso por ideologia não faz sentido para mim.

No fim das contas, descobri o que funciona para mim: carboidrato como energia, proteína animal para nutrir, carne magra, fibras e uma alimentação descomplicada. Gosto de carne, não tenho problema nenhum em comer nas três refeições, mas aprendi que meu corpo precisa de variedade, leveza e sobretudo liberdade alimentar.

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“Da Pureza ao Caos: O Que o Veganismo Fez Comigo”

Anônima, Sindica, 29 anos (2025)

Tenho 29 anos e, atualmente, trabalho como síndica. Minha rotina é cheia de responsabilidades, convivência intensa com pessoas e decisões diárias que exigem equilíbrio emocional e clareza mental. Sempre fui curiosa e aberta a experimentar diferentes formas de viver — e isso sempre se refletiu na minha alimentação. Ao longo da vida, já fui crudívora, carnívora, vegetariana, vegana… sempre observando como meu corpo reagia a cada fase.

Minha história com o vegetarianismo começou cedo, por volta dos 13 anos, quando decidi parar de comer carne movida por dois sentimentos profundos: a preocupação com os animais e um desejo de evolução espiritual. Eu queria ser mais ética, mais consciente e mais “leve” no mundo. Fiquei vegetariana dos 13 aos 15 anos. Depois disso, dei um passo além e me tornei vegana — por pouco tempo, menos de um ano — até perceber que aquilo me exigia mais do que eu podia oferecer.

Quando deixei o veganismo, voltei para a dieta ovo-lacto-vegetariana, na qual permaneci por mais uns dois anos. Ao todo, foram diversas fases marcadas por tentativas sinceras de viver alinhada com meus valores. Mas, mesmo com tanta dedicação, meu corpo nunca respondeu positivamente.

Durante essas transições, a fadiga começou a aparecer de maneira intensa. Eu sentia um cansaço fora do normal, daqueles que te obrigam a passar o dia deitada. A alimentação era difícil, extremamente restrita — parecia que tudo tinha leite ou ovos, e viver checando rótulos era mentalmente exaustivo. Com o tempo, vieram o aumento de peso, a queda de cabelo e uma sensação constante de estar “fora do ar”, como se minha mente estivesse sempre desfocada.

Além disso, tentar seguir o veganismo “de verdade” virou uma espécie de vigilância permanente: sapatos, roupas, cosméticos, travesseiro… tudo precisava se encaixar na ética. Era desgastante. E, sinceramente, a ideia de nunca mais comer um brigadeiro com leite moça me deixava triste de um jeito real.

Lembro inclusive de quando descobri que minha vitamina B12 praticamente não existia mais. Era como se meu corpo estivesse me avisando de todas as formas possíveis que aquela escolha não estava funcionando para ele.

Em 2016, voltei a comer carne — e essa decisão mudou tudo. A melhora foi instantânea. Senti como se alguém tivesse acendido uma luz dentro da minha cabeça. A fadiga diminuiu, meu foco voltou, minha energia reapareceu. A queda de cabelo cessou, e meu corpo, enfim, voltou a funcionar com naturalidade. Já fazem cerca de nove anos desde esse retorno, e nunca mais vivi nada parecido com o esgotamento daquela fase.

Uma experiência marcante veio em 2022, quando visitei a família do meu marido no interior da Paraíba. Lá, a relação com os animais é completamente diferente: criação e caça fazem parte da vida. Eles estavam engordando um porco para abater no fim do ano — e eu me afeiçoei a ele. Alimentava, conversava, fazia carinho. Mas no dia do abate, ver aquilo me abalou profundamente. Mesmo sabendo que ele era bem tratado, eu não consegui comer mais nenhuma carne criada ali. Passei a comer apenas frango comprado no açougue. Também percebi o choque cultural: lá, animais não são vistos como companheiros; cachorros são de rua ou usados para caça. É outro mundo.

Hoje, não me arrependo de nada. Nem de ter sido vegana, nem de ter voltado a comer carne. Eu realmente acredito que experimentar faz parte do autoconhecimento. E, depois de tudo, descobri que o equilíbrio para mim está em comer alimentos naturais, sem extremismos e sem ideologias que ignorem a própria biologia humana.

Se alguém me perguntasse sobre ser vegano hoje, eu diria: tente, mas tente com consciência. O veganismo não é só sobre comida — é uma filosofia de vida completa, que exige estudo, preparo emocional e honestidade consigo mesmo. Porque, no fim das contas, quem dita as regras não é a ideologia: é o corpo.

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“Como a Dieta da Selva Salvou Minha Saúde Depois do Veganismo”

Anônima, Terapeuta e Mentora, 48 anos (2025)

Tenho 48 anos e trabalho com Xamanismo e Dieta da Selva — atuo como terapeuta e mentora. Minha jornada alimentar passou por muitas transformações nos últimos anos, e cada fase marcou também mudanças internas profundas.

Decidi entrar no veganismo aos 46 anos. Na época, minha motivação principal foi o desejo sincero de evitar a crueldade animal e aprofundar meu desenvolvimento espiritual. Havia também a vontade de emagrecer e me sentir melhor comigo mesma. Por isso, a transição para o veganismo parecia fazer sentido para o caminho que eu buscava trilhar.

No início, os resultados foram impressionantes. Emagreci 25 kg, minhas dores no corpo desapareceram e minha autoestima melhorou muito. Por cerca de um ano, senti que estava no rumo certo: mais leve, mais disciplinada, mais conectada com a minha espiritualidade.

Mas, depois desse primeiro ano, os sinais de alerta começaram a aparecer. Passei a sentir um cansaço constante, uma confusão mental que me acompanhava o tempo todo, um peso emocional, uma névoa na mente que parecia não dissipar. Mesmo mantendo disciplina, rotina e intenção espiritual, meu corpo parecia pedir socorro.

Com o tempo, vieram também consequências físicas mais sérias. Perdi massa muscular, perdi dentes e desenvolvi pedras nos rins — problemas que eu jamais havia enfrentado antes. Foi doloroso perceber que meu corpo estava enfraquecendo. Aos poucos, ficou evidente para mim que aquela dieta não estava sustentando minha biologia.

Esses sinais foram o que me impulsionaram a buscar outra direção. E foi então que encontrei a Dieta da Selva, junto com a abordagem cetogênica. A mudança foi radical — literalmente "zerando carboidratos" — mas a reação do meu corpo foi imediata e surpreendente. Em poucos dias, a vitalidade voltou. Em dez dias, as dores sumiram, minha mente clareou, e senti como se tivesse renascido das cinzas. A força retornou às minhas práticas corporais: yoga, calistenia, movimento. A disposição explodiu. A presença aumentou.

Houve efeitos desconfortáveis apenas na primeira semana da transição: dor de cabeça, tontura e diarreia — esperados para quem está ajustando o metabolismo. Depois disso, só progresso: menos gordura, mais músculos, mais foco, mais vida.

Voltar a comer carne foi quase instantaneamente transformador. Minhas emoções se estabilizaram rapidamente; senti como se saísse de um vazio profundo, de uma escuridão interna. Minha mente clareou de um jeito que eu não sentia há anos. Assim que recuperei energia e estabilidade, mergulhei ainda mais nos estudos de xamanismo, psiquiatria metabólica, dietas carnívoras e práticas corporais ancestrais.

Hoje, reconheço que entrar no veganismo foi um erro para o meu corpo e para o meu caminho. Para mim, essa ideologia mostrou-se perigosa, desconectada da biologia humana e romantizada de uma forma que pode custar caro. Não me arrependo de ter voltado a comer carne — foi o que me devolveu saúde, lucidez, estabilidade emocional e força espiritual.

Minha recomendação, com toda sinceridade, é direta: não entrem nessa. Nosso corpo não vive de ideologias. E quem já está no veganismo, que reflita profundamente e, se puder, saia antes que os danos aumentem.

Para mim, a Dieta da Selva é vida — um resgate da autonomia, da intuição e da verdadeira comida. Enquanto isso, vejo cada vez mais produtos veganos industrializados, ultra processados, alimentando um mercado que lucra com uma promessa desconectada do real.

A verdadeira cura não veio da ideologia. Veio do reencontro com a natureza do meu corpo.

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A dieta que quase destruiu minha mente — e a que me devolveu a vida

Anônima, Administração da PF, 34 anos (2025)

Eu tenho 34 anos, trabalho na área de licitações da Polícia Federal e hoje sou estudante de Nutrição — algo que jamais imaginei para mim anos atrás. A Nutrição entrou na minha vida não por curiosidade, mas por necessidade. Ela nasceu diretamente da minha história com a minha saúde mental e com a forma como eu me alimentei ao longo dos anos. Desde os 18 anos convivia com diagnósticos de ansiedade e depressão, e aos 31 anos, depois de um surto que redefiniu completamente minha vida, recebi o diagnóstico de transtorno bipolar e TDAH. Foram muitos anos acreditando que a solução estaria apenas nos remédios — antidepressivos, estabilizadores de humor, estimulantes, antipsicóticos. Hoje, com mais maturidade e conhecimento, entendo que havia um elemento fundamental ignorado por mim durante tempo demais: a alimentação que eu fazia, especialmente nos anos em que fui vegetariana e depois vegana, simplesmente não sustentava meu corpo — e principalmente não sustentava meu cérebro.

Minha transição começou em 2015, aos poucos. Em 2016, eu já não comia mais carnes. Antes disso, sempre gostei de treinar, correr e cuidar da alimentação. Cheguei até a estudar sobre dieta paleolítica, mas, com pouco conhecimento na época, fui muito influenciada pela minha irmã, que falava sobre sofrimento animal, alimentos “limpos” e perigos das gorduras animais. Eu já era emocionalmente vulnerável, buscava controle na alimentação e acabei absorvendo tudo aquilo sem muita reflexão fisiológica. No fundo, eu gostava de carne, sempre me senti bem com ela, mas fui abandonando completamente os alimentos de origem animal.

Fiquei vegetariana de 2016 a 2018. Em 2018 tentei ser vegana por cerca de oito meses, mesmo sem conseguir seguir tudo com perfeição — já estava exausta e às vezes descontava em brigadeiros escondida dos meus amigos e da minha irmã.

Durante esse período, minha alimentação não era sólida. Eu comia muita besteira, tinha aspecto magro mas percentual de gordura alto, perdi mais de 5 kg de músculo, parei de correr, treinava cada vez menos. Suplementava B12 todos os dias, tomava multivitamínico, fazia o possível para compensar, mas nada resolvia. Mesmo suplementando, a B12 seguia baixa. Minhas unhas quebravam com tanta facilidade que precisei colocar unhas de gel. Minha energia despencou, meu humor ficava irritado, minha imunidade se tornou péssima, vivia doente, com infecções recorrentes. Tinha compulsões por carboidratos, perdia força na academia, e meu estômago parecia sempre inflamado — vivia estufada, com diarreias e desconforto.

Hoje, com conhecimento e distância emocional, tenho uma dúvida real:

a forma como eu me alimentava pode ter contribuído para o surto que levou ao meu diagnóstico de bipolaridade?

Não afirmo isso com certeza. Mas a cronologia levanta a pergunta. Durante aquele período, minha ingestão de gorduras essenciais era baixa, minha ingestão de aminoácidos fundamentais para neurotransmissores era insuficiente, minha B12 seguia deficiente, meu humor era instável, minha imunidade frágil, meu corpo estava exausto — e tudo isso somado ao uso de antidepressivos. É impossível ignorar o impacto fisiológico dessa combinação no cérebro.

Voltar a comer carne, em 2019, foi como acender um interruptor. Minha força voltou. Minha energia voltou. Meu humor estabilizou. Minha imunidade melhorou. Meu raciocínio clareou. Minhas compulsões diminuíram. Meu corpo começou a responder de novo — ganhei músculos sem esforço absurdo, minha aparência melhorou, as pessoas comentavam. Eu finalmente senti que estava funcionando.

Foi nesse momento que a Nutrição entrou na minha vida de forma definitiva. Eu precisava entender meu corpo. Comecei a estudar dieta cetogênica, metabolismo, fisiologia, saúde mental, cetonas, inflamação, neurotransmissores. Quanto mais eu estudava, mais percebia que minha vida inteira foi moldada por uma alimentação que não atendia às necessidades do meu cérebro.

Com conhecimento e acompanhamento adequado, consegui me desligar de todas as medicações psiquiátricas que eu usava havia anos. Hoje, com uma alimentação estruturada, baseada em proteína animal, gorduras de qualidade e princípios da cetogênica terapêutica, vivo uma estabilidade emocional que nunca experimentei nem nos períodos em que dependia de remédios.

Me arrependo de ter sido vegetariana ou vegana? Sim. Não com culpa — mas com clareza. Entendo hoje que aquilo não fazia sentido para o meu corpo e não me fazia bem emocionalmente. Minha entrada nesse estilo de vida veio de ideologia, influência afetiva e desinformação, não de ciência.

Se alguém me pergunta se vale a pena tentar ser vegano, minha resposta é simples:

estude fisiologia humana. Acompanhe exames. Observe seus sintomas. Não permita que ideologias falem mais alto que as necessidades biológicas do seu corpo.

O corpo não responde a narrativas. Ele responde à bioquímica.

Voltar a comer carne me devolveu força, energia, saúde e estabilidade.

Estudar Nutrição me devolveu autonomia, clareza e propósito.

Unir as duas coisas me devolveu a vida.

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O Que o Veganismo Não Me Contou

Anônima, 47 anos (2025)

Tenho 47 anos e, há oito anos, decidi tirar um ano sabático—que acabou se tornando permanente. Em 2017, meu marido e eu decidimos nos tornar vegetarianos. Nosso filho, na época com 7 anos, seguia a dieta apenas em casa. A decisão aconteceu de forma repentina, quase impulsiva, depois de assistirmos ao documentário Cowspiracy. Já não comíamos muita carne, e o que vimos ali mexeu profundamente conosco.

Logo começamos a assistir a todos os documentários sobre proteína animal que apareciam. O discurso era sempre o mesmo: carne apodrece no intestino, causa doenças cardíacas, câncer, intoxicação. Aquilo nos chocou. Olhei para o meu marido e disse: “vamos parar agora?”. Ele concordou. Tirei tudo do congelador e levei para a minha mãe. Assim começou nossa vida vegetariana. Um tempo depois, tiramos também os ovos, influenciados por mais algum documentário cujo conteúdo nem lembro mais ao certo.

Permanecemos fiéis à dieta por cerca de seis anos. Fomos extremamente disciplinados. Só depois voltamos a incluir ovos, um pouco de frango e, mais tarde, carne magra esporadicamente.

No início do vegetarianismo, as sensações foram ótimas. Sentíamos leveza, disposição, energia. Meu marido, que joga basquete desde os 12 anos, dizia que estava “voando”. A mudança coincidiu com nossa mudança de Itajaí para Garopaba, uma cidade com muita gente alternativa, ligada ao yoga, Ayurveda e espiritualidade. Lá, praticamente todo mundo era vegetariano ou vegano. Estar entre pessoas que compartilhavam os mesmos valores parecia confirmar que estávamos no caminho certo. Compaixão pelos animais, saúde, mente limpa… tudo fazia sentido.

Com o tempo, essa “fase de euforia” diminuiu. Em meio ao estilo de vida mais tranquilo, era difícil separar o que vinha da dieta e o que vinha da nova rotina. Não percebíamos efeitos negativos no início, tirando algumas críticas de familiares.

Depois de anos, surgiram alguns pontos incômodos. A suplementação virou obrigatória: B12, ferro, ômega… tudo o que antes vinha naturalmente da carne. Mas como todos ao nosso redor faziam o mesmo, parecia normal.

A virada começou em 2024 e tomou força em 2025, quando comecei a ver conteúdos sobre a dieta carnívora, cetogênica e a chamada “dieta da selva”. Pessoas relatando aumento de massa muscular, força, vitalidade, saúde hormonal. Meu médico integrativo reforçava a importância da carne para meu tipo sanguíneo O. Paralelamente, eu praticava musculação e muay thai, mas me sentia fraca, sem explosão, sem energia — mesmo treinando cinco vezes por semana.

Tudo isso me fez questionar o que eu acreditava. Mostrei ao meu marido, conversamos e, mais uma vez, decidimos juntos. Passamos de comer carne esporadicamente para iniciar uma dieta 80% carnívora no dia 28 de julho deste ano. A mudança foi tão rápida quanto havia sido a entrada no vegetarianismo.

Foi nesse momento que percebi o quanto meu corpo estava precisando de carne. Eu, que nunca fui fã de carne gorda, passei simplesmente a amar. Meu paladar mudou. Minha fome por doces quase desapareceu — antes eu comia muito, provavelmente porque meu corpo buscava energia rápida. A força na academia aumentou, minha concentração melhorou, meu corpo mudou sem esforço, sem dietas restritas. Queimei gordura, ganhei vitalidade e passei a sentir saciedade por longos períodos. Hoje faço apenas duas refeições por dia, quando antes precisava de cinco e vivia com fome.

Olhando para trás, percebo sinais que ignorei. Minha B12 era sempre baixa. Também tive falta de ferro. Em 2021 e 2022 fui diagnosticada com uma doença autoimune. Não sei se há relação com a dieta — acredito que não, talvez tenha sido o estresse. Porém, é claro para mim que muitos déficits foram mascarados pelo estilo de vida saudável que sempre seguimos, sem ultraprocessados.

Sobre arrependimentos: não sei se me arrependo de ter sido vegetariana, mas sinto medo de ter desperdiçado anos ou sobrecarregado meu organismo. Por outro lado, reconheço que foi um aprendizado. Cada pessoa reage de um jeito, e acredito que precisamos testar em nós mesmos antes de abraçar uma ideologia alimentar.

Às vezes ainda sinto desconforto emocional pela relação com os animais. Quando isso acontece, tento agradecer pela vida que virou meu alimento e sigo em frente. Assisti recentemente ao documentário Muco, que traz um peso emocional enorme, quase uma culpa. Mas hoje enxergo melhor como a informação pode manipular.

Se alguém me perguntasse se eu recomendaria o vegetarianismo, eu diria que não. Não porque seja ruim para todos, mas porque quem procura essa dieta normalmente já está mergulhado em uma avalanche de conteúdos que reforçam apenas um lado. É quase uma religião — eu mesma vivi isso.

No fim das contas, o que aprendi foi simples e profundo: a mídia e os algoritmos nos moldam. Quando você passa a estudar apenas um lado, esse lado é o único que chega até você. A sensação de “o universo está conspirando” nada mais é do que um funil de informações. E, muitas vezes, ele te empurra para um buraco que você mesmo começou a cavar.

Hoje sigo pesquisando, questionando e observando meu corpo. Não quero mais viver presa a crenças absolutistas. Quero viver o que funciona para mim — não para a bolha em que eu estava.

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Sete anos sem carne: o preço que paguei pela promessa de saúde

Anônima, Profissional de restaurantes e hotelaria, 45 anos (2025)

Tenho 45 anos e trabalho há muitos anos no ramo de churrascaria e atualmente hotelaria. Minha história com o vegetarianismo começou quando eu tinha 37 anos, em 2017, numa fase em que iniciei um curso de naturopatia. Nesse meio, o veganismo era muito valorizado, e foi ali que tive contato com documentários e discursos que me convenceram de que seria saudável abandonar a carne.

Tentei ser vegana por um curto período, mas percebi que era restritivo demais para mim. Acabei mantendo ovos e laticínios, e segui como vegetariana. Além de tirar toda a carne, retirei também o trigo e reduzi drasticamente o açúcar.

O que me motivou, naquela época, era um desejo profundo de envelhecer com saúde e sair do efeito sanfona. Eu sempre lutei contra a obesidade e, principalmente, contra uma constipação intestinal severa, que me acompanhava por anos. Tentava de tudo: remédios caseiros, óleo mineral, receitas naturais… nada resolvia.

Foi quando busquei um iridologista que me ajudou bastante e até resolveu uma dor na junta da perna que eu tinha havia muito tempo. Isso me animou a mergulhar mais fundo nos estudos de naturopatia e em práticas naturais. Fiz 4 anos de estudo. Na minha cabeça, seguir algo “mais limpo” e “mais vegetal” seria a chave para ser mais saudável e mais magra.

Segui no vegetarianismo por sete anos. Durante esse período, ainda experimentei outras vertentes — crudivorismo, frugivorismo — mas nada se sustentava. Como eu trabalhava na administração da Churrascaria e lidava diariamente com todo tipo de alimento, manter dietas extremas era praticamente impossível. Meu ponto fraco eram as guloseimas e não comidas ou carnes.

Nos primeiros anos, senti mudanças positivas. Eu realmente emagreci bastante, reduzi o açúcar quase por completo e meu intestino melhorou — não totalmente, mas melhorou. Passei a pedalar, e isso também ajudou. Me sentia leve, disciplinada, e por muito tempo achei que tinha encontrado o estilo de vida ideal.

Mas por volta de 2023 e 2024, tudo começou a desandar de novo.

A constipação voltou muito mais forte, acompanhada de distensão abdominal intensa. Notei piora mesmo quando retirava lácteos e trigo, e nada explicava aquilo. Passei a depender de dimeticona, e ainda assim os gases eram dolorosos, constantes e, às vezes, constrangedores. Minha menstruação começou a falhar com frequência e, aos 40 anos, simplesmente parou: entrei na menopausa muito cedo. O libido diminuiu, as enxaquecas aumentaram… e aquela sensação de bem-estar dos primeiros anos começou a desaparecer.

O vegetarismo teve pontos positivos, claro: foi a dieta com que eu mais consegui manter o peso por mais tempo, e eu realmente gostava do sabor dos alimentos vegetais. Fazia muitas receitas e ensinava muitas no Instagram. Mas os pontos negativos apareceram aos poucos — e, principalmente, a falta de apoio da família e até do meu marido. Sofria críticas constantes e brincadeiras. Hoje percebo que muitos desses alertas tinham fundamento.

Com o tempo, surgiram problemas mais sérios. Os gases e as flatulências espontâneas se tornaram frequentes. Passei a ter queda de cabelo, problema na tireoide, noites mal dormidas, ansiedade, tristeza profunda… Tive cálculos biliares calcificados, dores no corpo, boca seca, noctúria. Minha saúde parecia entrar em colapso.

Busquei vários médicos. Neurologista, pelas dores de cabeça. Proctologista, pela constipação e medo de câncer no intestino. Endocrinologista, para investigar hormônios e tireoide.

Recebi diagnósticos importantes, como diverticulite, intolerância à lactose, intolerância à frutose e hipotireoidismo. A endocrinologista pediu uma dieta restrita em frutose por 15 dias — que era bem restritiva, onde só incluía arroz, ovos e carne. Mas eu não comia carne. E aí veio o choque: eu não conseguia atender às recomendações médicas por causa da dieta que eu seguia.

Foi nesse momento que percebi que talvez fosse necessário reconsiderar tudo.

Antes de reintroduzir a carne, decidi fazer um jejum de 15 dias para “resetar” meu corpo — algo que eu já praticava em períodos anteriores. O jejum era baseado em água e caldo de ossos, um alimento que eu jamais imaginaria consumir, já que eu sempre detestei gordura e carne malpassada. Mas fiz. E, para minha surpresa, me senti bem.

Ao retomar a alimentação, introduzi carne, arroz e reduzi a frutose ao mínimo. Nos primeiros dias, comer carne foi estranho. A textura me incomodou, senti um certo repúdio, medo e culpa pelas críticas que eu imaginava receber. Mas essa sensação durou pouco.

Depois de alguns dias, senti que tinha renascido. Algo dentro de mim reacendeu. Meu corpo parecia funcionar novamente.

Comecei a pesquisar sobre dieta carnívora e, quinze dias após reintroduzir carne, decidi adotá-la de vez. E, sinceramente, foi transformador. Minha disposição voltou, minha mente clareou, a ansiedade diminuiu, dormi a primeira noite inteira em muito tempo. As dores sumiram. Passei a repor hormônios e vitaminas, e tudo começou a entrar nos eixos.

Hoje, olhando para trás, digo com sinceridade: eu me arrependo de ter entrado tanto nessa narrativa. Não porque eu defendesse a bandeira com força — mas porque eu acreditei. Acreditei que carne “apodrecia no intestino”, que ficava “três dias presa no corpo”, que carne bem passada “dava câncer”. Acreditei por anos.

E me arrependo de não ter descoberto antes o jejum terapêutico e a dieta carnívora.

Fiquei com vergonha quando voltei a comer carne, porque eu já tinha divulgado o vegetarianismo nas redes sociais. Mas hoje vejo que foi um livramento. Meu corpo estava inflamado, doente, exausto — e eu não percebia.

Se eu pudesse dar um conselho a quem é vegetariano ou vegano: faça exames, observe sua saúde real, não a saúde que você imagina ter. Avalie seu psicológico, sua energia, sua libido, seu sono. A dieta tem que funcionar para você, não para agradar ou pertencer a um grupo.

E para quem está pensando em entrar nesse caminho, eu diria com sinceridade: “não faça isso sem avaliação profunda”. E, se puder, coma carne — vai te dar uma saúde mais completa e mais chance de viver bem por mais tempo.

Cada corpo é único, claro. Mas hoje, depois dessa jornada, eu digo com convicção “voltar a comer carne salvou minha saúde”.

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Sete anos sem carne e uma vida sem energia: como voltei a ser eu mesma

Anônima, Professora de Yoga, 36 anos (2025)

Tenho 36 anos e trabalho como professora de yoga desde 2019. Antes disso, minha vida era completamente diferente. Sou formada em Hotelaria, trabalhei cinco anos em hotéis e, depois, mais cinco anos como secretária executiva. Foi nesse período que tudo começou a desmoronar. Eu cuidava de seis chefes ao mesmo tempo, não gostava do que fazia, e ainda lidava com a doença do meu pai, que enfrentava problemas psiquiátricos e fazia uso de substâncias. A sobrecarga emocional e o estresse constante me levaram a um burnout. Precisei me afastar pelo INSS, fazer terapia e até fui internada por um tempo.

Durante a recuperação, fui orientada a buscar algo que me fizesse bem, algo que me reconectasse comigo mesma. Foi assim que encontrei o yoga. Fiz o curso apenas para ocupar a mente, mas acabei me apaixonando e, quando percebi, já estava dando aulas. Nesse mesmo período, resolvi assistir a documentários sobre veganismo. Eu estava emocionalmente fragilizada, e aquelas imagens me atingiram em cheio — cenas fortes de abate, sofrimento animal e destruição ambiental. Aquilo me chocou profundamente. Depois de assistir, simplesmente não consegui mais consumir nada de origem animal. Foi como uma lavagem cerebral.

Tornei-me vegana aos 30 anos e permaneci assim por sete anos. Nos primeiros anos, eu me sentia muito bem e acreditava que estava fazendo o certo — por mim, pelos animais e pelo planeta. Sempre tive acompanhamento de uma nutricionista vegana e fazia suplementação regularmente. Ainda assim, minha vitamina B12 e o ferro estavam sempre baixos. Cheguei a fazer várias infusões de ferro, pagando caro por cada uma, porque o convênio não cobria. Mesmo assim, eu acreditava que valia a pena.

Com o tempo, comecei a perceber que algo não estava certo. Apesar de achar que tinha energia, eu vivia com sintomas depressivos, gases, estufamento e um desconforto intestinal constante. Eu comia muito feijão, grão-de-bico e lentilha, seguindo as orientações da nutricionista. Minha alimentação era cheia de vegetais, mas também de ultraprocessados — pizzas, coxinhas, doces. Achava que estava saudável, mas na verdade meu corpo dava sinais de que algo estava errado.

Depois de uns seis anos, a vontade de comer ovos começou a aparecer. Aos poucos, comecei a ceder — primeiro em doces e bolos, depois em pequenas quantidades. Fazia isso escondida, com culpa e vergonha. Meu marido, que sempre me apoiou, começou a sugerir que talvez o excesso de grãos estivesse me fazendo mal e insistia para que eu tentasse comer um pouco de frango. Eu resisti por muito tempo, mas em junho de 2024 decidi tentar.

No começo, comi frango orgânico, sempre muito bem passado. Depois de alguns meses, comecei a aceitar outros tipos de carne, inclusive o coração de frango, e percebi uma mudança impressionante. Em poucas semanas, o estufamento desapareceu, os gases diminuíram e eu comecei a me sentir com mais energia. Era como se meu corpo voltasse a funcionar direito. Passei a ter mais disposição, mais vitalidade, e uma sensação de força que eu não sentia há anos.

Com o retorno à carne, também mergulhei em outras práticas, como o jejum e a dieta low carb. Eliminei as leguminosas e comecei a comer mais carnes e frutas. Desde então, consegui manter meu peso — hoje peso 63 kg e estou estável há mais de um ano, algo que nunca tinha conseguido antes, nem mesmo tomando remédios.

Percebi também mudanças psicológicas profundas. Eu sempre fui muito sensível, passiva, insegura. Depois que voltei a comer carne, senti como se recuperasse minha força interior. Passei a fazer boxe, defesa pessoal e a me sentir mais corajosa e confiante. A depressão desapareceu completamente. Hoje, me sinto equilibrada — no corpo e na mente.

Olho para trás e percebo que o veganismo me transformou, mas também me afastou de mim mesma. Eu acreditava que estava fazendo o certo, mas meu corpo e minha saúde estavam gritando. Me arrependo de ter assistido àqueles documentários e de ter entrado nesse mundo sem questionar. Eu era tão envolvida com a ideologia que cheguei a influenciar uma amiga próxima, que acabou enfrentando sérios problemas de saúde durante a gestação por falta de nutrientes. Felizmente, hoje ela também voltou a comer carne e está bem.

Como professora de yoga, sei que há uma pressão enorme para seguir uma alimentação vegana, como se isso fosse sinônimo de espiritualidade. Mas hoje faço questão de contar minha história e dizer que eu como carne, sim. Eu testei em mim — e descobri que o que realmente traz equilíbrio é respeitar a fisiologia do corpo, não uma ideologia.

Depois de tudo o que vivi, digo com convicção: não me arrependo de ter voltado a comer carne. Pelo contrário, me sinto mais viva, mais forte e com a mente mais clara do que nunca.

11.

O preço da ideologia: como o vegetarianismo afetou meu corpo e minha vida

Anônima, Nutricionista, 40 anos (2025)

Sou nutricionista e tenho 40 anos. Decidi me tornar vegetariana aos 31, em um momento em que comecei a sentir dores intensas após me alimentar. Depois de alguns exames, descobri que estava com cálculos biliares, e, acreditando que uma dieta sem carne seria mais leve e benéfica, resolvi mudar completamente meus hábitos alimentares.

No início, a transição pareceu positiva. Eu me sentia disposta e percebia meu corpo mais leve, o que me animava. Porém, ao mesmo tempo, comecei a sentir uma perda significativa de força para treinar musculação e as crises da vesícula continuaram, até que precisei removê-la às pressas. Nos primeiros meses, emagreci doze quilos, o que à primeira vista poderia parecer bom, mas não era. Eu estava ficando cada vez mais fraca.

Durante o tempo em que segui a dieta — cerca de três anos —, minha alimentação se baseava em vegetais, leguminosas, bebidas vegetais de soja, tofu e proteína isolada de soja. Eu também fazia uso de suplementos como vitamina B12, vitamina D e ferro. No início, tentei ser vegetariana estrita, sem nenhum alimento de origem animal. Mais tarde, por pura necessidade, incluí ovos e laticínios, tornando-me ovolactovegetariana, porque eu já não tinha energia nenhuma e era muito difícil encontrar opções acessíveis para comer fora de casa.

Mesmo sendo nutricionista e cuidando pessoalmente dos meus exames, minha saúde começou a se deteriorar. Desenvolvi hipovitaminoses, tive queda drástica de ferro e ferritina — esta chegou a 12 —, e minha vitamina D despencou para 19. Fisicamente, perdi massa muscular, meu cabelo começou a cair e ficou ralo, assim como os pelos do corpo. Minha pele ficou marcada por melasma e, com o tempo, comecei a enfrentar cólicas menstruais incapacitantes, depressão e até pensamentos suicidas. Também descobri que estava com endometriose e passei por vários tratamentos para engravidar, incluindo cinco tentativas de fertilização in vitro, todas sem sucesso. Na época, eu acreditava que o problema era meu corpo — não a dieta.

Mesmo com toda a formação e conhecimento em nutrição, eu estava completamente imersa naquela bolha. Assistia documentários, lia textos e acompanhava perfis que reforçavam minhas crenças, fazendo-me acreditar que eu só estava assim porque ainda não tinha me “purificado” o suficiente da dieta anterior. Isso me manteve no abismo por mais tempo.

O ponto de virada veio quando percebi que estava destruindo minha própria saúde. Voltei a comer peixe, depois frango e, por fim, carne vermelha. Em poucos meses, meu corpo reagiu de forma impressionante: meus cabelos voltaram a crescer, minha pele ganhou viço, recuperei massa muscular, disposição para treinar, estudar e viver. A cognição e a clareza mental também voltaram. E, para minha surpresa e alegria, engravidei naturalmente — algo que parecia impossível até então.

Hoje, olhando para trás, posso dizer sem hesitar que o período em que fui vegetariana foi a pior fase da minha vida. Eu me sentia sem energia, sem alegria e dependente de comida rápida e suplementos que nunca supriam o que faltava. Se pudesse deixar uma recomendação, seria simples: desista. Antes de embarcar em uma ideologia, busque fatos concretos.

Aprendi da forma mais dolorosa que o que comemos, assistimos e escutamos molda profundamente nossas escolhas e, muitas vezes, nos adoece sem que percebamos. Observe seu corpo, escute suas emoções e não aceite cegamente um discurso só porque ele parece nobre ou compassivo. Hoje, entendo que a verdadeira compaixão começa quando somos capazes de cuidar de nós mesmos.

O maior arrependimento da minha vida foi ter deixado de ouvir o meu corpo

Anônima, Anfitriã AIRBNB, 52 anos (2025)

Tenho 52 anos — mente de 30 e coluna de 80, como costumo brincar. Moro na serra gaúcha, onde sou anfitriã do Airbnb e também trabalho como terapeuta plasmática. Decidi me tornar vegetariana aos 37 anos. Por um breve período, tentei o veganismo, mas não consegui manter. A convivência social e familiar se tornou difícil demais.

Minha principal motivação sempre foi a compaixão pelos animais e a crença de que esse estilo de vida poderia “salvar” o planeta. Hoje percebo o quanto essa ideia foi romantizada e como a indústria plant-based sabe se aproveitar dessa narrativa, vendendo uma ideologia que parece nobre, mas esconde interesses econômicos poderosos.

Fiquei 14 anos sem consumir carne. No início, me sentia muito bem — mais leve, tranquila, com a consciência em paz. Achava que estava comendo melhor, gastando menos e cuidando mais de mim. Também aprendi a cozinhar novos pratos e passei a me virar melhor na cozinha. Mas, com o tempo, começaram a aparecer os primeiros sinais de que algo não ia bem. Eu achava que era o envelhecimento, e não associei à alimentação.

As dificuldades de convivência eram constantes. Reuniões familiares e encontros sociais se tornaram complicados. Nunca fui do tipo militante, mas acontecia o inverso: tentavam me empurrar carne, e eu precisava recusar com diplomacia. O que me irritava era ver as pessoas comendo os pratos que eu preparava pra mim, “só pra provar”, e eu acabava ficando sem. Ir a restaurantes era um desafio — sempre tinha carne “só pra dar um gostinho”, e eu acabava me limitando a pão de queijo, polvilho ou paçoca.

Com o passar dos anos, comecei a enfrentar uma série de problemas de saúde: ansiedade, depressão, síndrome do pânico, fibromialgia, hipotireoidismo, menopausa precoce, anemia, fadiga crônica, vista cansada, perda de clareza mental, colesterol alto, hipertensão, enxaqueca e até placas nas artérias coronárias. Foram sintomas que surgiram aos poucos, e eu tentava tratar de forma natural ou com remédios, sem imaginar que a origem pudesse estar na dieta.

Um dia, senti o cheiro de churrasco e, para minha surpresa, comecei a salivar. Aquilo me preocupou, porque antes o cheiro me enjoava. Logo me veio o pensamento: “Será que estou doente por falta dos nutrientes da carne?” Tentei ignorar, mas o corpo insistia. O ponto de virada aconteceu durante uma festa de Umbanda, quando uma entidade me ofereceu uma isca de fígado à milanesa — sem que eu soubesse o que era. Comi. E nunca vou esquecer a sensação que tive: foi como se cada célula do meu corpo vibrasse em gratidão. A energia voltou, a memória carnívora e ancestral  de prazer e saciedade real também.

A partir daquele dia, meu corpo passou a implorar por carne. No início, me senti dividida — chorava enquanto comia, tomada por culpa e alívio ao mesmo tempo. Comecei com peixe, depois frango e, por fim, carne bovina. Por uns dois meses, vivi uma verdadeira compulsão carnívora. Pegava pedaços de carne assada no mercado e comia dentro do carro, escondida, como um instinto reprimido voltando à tona.

Meu corpo reagiu de forma impressionante. A energia voltou, minha mente clareou, o sono melhorou, as dores diminuíram. Ainda estou me recuperando de anos de carência nutricional, mas a melhora é evidente. Hoje sigo uma dieta mais carnívora e percebo que quando como fígado, por exemplo, minha energia dispara.

Olho pra trás e reconheço, sem medo de dizer: o vegetarianismo foi o maior arrependimento da minha vida. Acreditar em uma ideologia sem buscar entender o outro lado me custou caro — destruiu minha saúde física e mental e, provavelmente, acelerou meu envelhecimento.

A quem pensa em seguir esse caminho, deixo um conselho: busque informações de todas as fontes. Não se prenda a discursos confortáveis nem a dados que reforçam apenas o que você quer acreditar. Sua saúde é o bem mais precioso que existe. Use consigo a mesma compaixão que você dedica aos animais ou ao planeta. E, se um dia sentir necessidade de comer carne, faça isso com respeito e gratidão, como os povos originários: “Uma vida por outra vida.”

Como li uma vez — e nunca esqueci —: “Você pode ter muitos problemas na vida, até ter um problema de saúde. A partir daí, você passa a ter apenas um.”

9
Entre amor aos animais e amor a mim mesma: minha saída do veganismo

Anônima, Jornalista, 26 anos (2025)

Comecei minha jornada alimentar em 2018, quando me tornei vegetariana no início da faculdade. Em 2020, durante a pandemia, decidi dar o próximo passo e virei vegana. Segui assim até 2023, quando voltei a incluir produtos de origem animal na minha rotina.

No começo, foi uma experiência positiva. Eu sentia que estava fazendo a coisa certa, especialmente por amor aos animais, que sempre foi meu maior motivador. Mas, com o tempo, começaram os desafios.

Antes do veganismo, meu peso era estável: 1,63 m e 58 kg, considerado ideal para mim. Após a mudança de dieta, mesmo com acompanhamento nutricional e suplementação de B12, comecei a emagrecer demais. Cheguei aos 48 kg, algo que preocupou minha mãe e chamou a atenção de amigos. Além disso, vivia fraca e tonta. Subir uma simples escada se tornava um esforço enorme. Meus exames mostravam deficiência de B12, mesmo suplementando.

Foi nesse ponto que percebi, com ajuda da terapia, que insistir nessa dieta não estava sendo saudável. Eu precisava aceitar que voltar a comer carne não significava deixar de amar os animais. O retorno foi gradual: primeiro ovos e laticínios, depois carnes brancas e, por fim, a vermelha. Como não tenho intolerâncias, meu corpo reagiu bem: voltei a ganhar força, meus exames melhoraram e minha mãe, que sempre esteve preocupada, ficou aliviada ao me ver recuperando a saúde.

Um dos aspectos mais difíceis não foi físico, mas social. Durante o veganismo, já havia sentido a pressão de conviver em ambientes sem opções adequadas. Mas o que mais me marcou foi o julgamento do próprio movimento vegano quando decidi parar. Muitos não aceitam quem volta a comer carne. As críticas foram duras, como se eu tivesse perdido todo o amor pelos animais ou traído uma causa. Isso foi doloroso e me afastou de pessoas que eu considerava próximas. O que me incomoda é perceber que, muitas vezes, o fanatismo se sobrepõe ao respeito: em vez de acolher, parte do movimento exclui e condena.

Visitar minha avó também foi um ponto de reflexão. No interior, percebi como a realidade dela é simples, conectada à natureza e, ao mesmo tempo, distante do discurso elitizado do veganismo. Lá, os animais fazem parte do ciclo da vida e da alimentação, sem perder o vínculo de cuidado e afeto. Essa vivência me ajudou a entender que nem sempre dá para aplicar uma visão única e rígida sobre a alimentação de todos.

Hoje, olho para trás sem arrependimentos. O veganismo me ensinou muito: aprendi a cozinhar melhor, conheci novos alimentos e ganhei consciência. Mas também não me arrependo de ter voltado a comer carne. Hoje vivo mais leve, sem culpas, em equilíbrio.

Continuo amando os animais. Tenho um cachorro que é parte da minha família, mas aprendi que isso não invalida minhas escolhas alimentares. Penso também na desigualdade social: há tantas pessoas que querem comer e não podem, e eu não quero viver minha vida com restrições que me fazem mal. Só temos uma vida, e quero aproveitá-la da forma mais saudável e equilibrada possível, sem julgamentos.

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Entre a Nutrição, o Veganismo e a Saúde Mental: Minha Jornada

Anônima, Nutricionista, 29 anos (2025)

Tenho 29 anos e sou nutricionista. Minha história com o vegetarianismo começou cedo, aos 19 anos, e aos 23 decidi me tornar vegana. A mudança foi gradual: comecei apenas reduzindo a carne, sem uma motivação muito definida, mas dentro de um contexto mais espiritual, ligado à meditação. Aos poucos, deixei a carne de lado e, quando me tornei vegana, minha motivação passou a ser também a causa animal, além das questões de saúde e ambientais.

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No total, fiquei cerca de 7 anos como vegetariana e quase 3 anos e meio como vegana. Para mim, foi uma fase muito positiva. Como sou nutricionista, consegui cuidar bem da dieta e evitar deficiências. Meu colesterol baixou, o controle de peso foi tranquilo e meu intestino funcionava muito bem. Precisei suplementar ferro e vitamina B12, o que já era esperado — até porque eu sempre tive tendência a ter ferro mais baixo devido ao fluxo menstrual intenso.

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O ponto mais difícil foi a parte social. Nenhum dos meus amigos era vegano, e mesmo meu marido, que chegou a se tornar vegetariano, era mais “flex”. Ele se virava quando não tinha opção, mas, para mim, sair para restaurantes ou encontros era sempre complicado, já que, naquela época, as opções eram muito mais limitadas. Durante a pandemia, curiosamente, foi bem tranquilo, porque eu fazia minha própria comida em casa e me sentia ótima. O problema veio depois, com o retorno à vida social.

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O que acabou me afastando do veganismo foi algo mais profundo: o retorno de um transtorno alimentar que já havia marcado minha adolescência. Para manter a dieta vegana, eu precisava de uma organização muito rígida, especialmente para atingir a meta proteica. Isso envolvia planejamento, suplementação e, muitas vezes, ter que comer antes de sair ou levar minha própria comida. Essa pressão constante mexeu com minha saúde mental. Comecei a sentir novamente episódios de compulsão: quando não encontrava opções adequadas fora de casa, voltava e comia demais, sem critério.

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Não tive complicações médicas — justamente porque me cuidava muito, acompanhava de perto minha saúde e sabia o que estava fazendo. Mas, emocionalmente, foi pesado. E o mais difícil não foi apenas lidar com o julgamento do movimento vegano em relação a quem volta a comer carne, mas o meu próprio autojulgamento. Demorei quase um ano para aceitar de fato essa decisão, amadurecendo aos poucos até conseguir dar esse passo.

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Hoje vejo que voltar a comer carne deixou minha alimentação mais leve, menos rígida e sem tanta cobrança mental. Não me arrependo de ter sido vegana — aprendi demais, tanto para mim quanto para o meu trabalho com pacientes que buscam essa dieta. E também não me arrependo de ter voltado a comer carne. Hoje vivo com tranquilidade.

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Se eu pudesse deixar uma recomendação, seria que quem deseja ser vegano deve, sim, ter acompanhamento nutricional. É possível manter uma boa saúde, mas cada pessoa tem suas necessidades individuais, e contar com orientação faz toda a diferença.

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"Cinco Anos de Veganismo, um Novo Desafio e a Minha Decisão de Voltar a Comer Carne"

Anônima, Administradora, 64 anos (2025)

Sabe aquelas experiências que mudam completamente a sua forma de pensar? Pois é, comigo foi assim. Eu tenho 64 anos, trabalho na área financeira e, por volta dos meus 58, fiz uma viagem de 30 dias que acabou virando um divisor de águas.

 

Fiquei hospedada na casa de pessoas veganas e, durante todo esse tempo, não comi nada de origem animal. Pra minha surpresa, me adaptei super bem! Não senti falta, não tive nenhum problema… e aí pensei: “Por que não continuar assim?”. E continuei.

 

Fui motivada principalmente pela questão do sofrimento animal e também a preocupação com o meio ambiente. Sempre achei que, se eu podia contribuir de alguma forma, mesmo que pequena, já valia a pena.

 

Fiquei vegana por cerca de cinco anos e, sinceramente, me senti ótima durante todo esse tempo. Não vi pontos negativos. Pelo contrário, sentia orgulho por saber que eu não precisava consumir produtos de origem animal e ainda estava ajudando uma causa importante.

 

Só que, no meio do caminho, descobri que tenho intolerância ao glúten. E aí complicou… manter a dieta vegana ficou bem difícil. Não é tão simples achar alimentos prontos que não tenham nem ingredientes de origem animal, nem glúten. E, com minha rotina corrida, eu não tinha como cozinhar tudo em casa. Foi então que decidi voltar a consumir produtos de origem animal, aos poucos. Comecei por ovos, leite e derivados, depois carne branca e, eventualmente, um pouco de carne vermelha — até hoje consumo em pequenas quantidades.

 

Durante todo o período vegano, fiz exames de rotina e nunca tive alteração nenhuma. Não tive nenhum problema de saúde por conta da dieta.

 

E importante dizer que não me arrependo. Nem de ter sido vegana, nem de ter voltado a comer carne. Eu acredito que a gente tem que se sentir livre para adaptar a alimentação conforme o momento e as necessidades da vida.

 

Ah, e preciso dizer uma coisa: muita gente pinta os veganos como chatos e militantes, mas minha experiência foi o contrário. Eu nunca tentei convencer ninguém a seguir o veganismo, mas várias pessoas que comem carne me criticavam e julgavam, dizendo que veganismo causa doenças, que era irresponsabilidade minha e que eu ia precisar de mil suplementos. Enquanto isso, as mesmas pessoas continuavam tomando refrigerante, abusando do álcool, comendo fritura e produtos ultraprocessados. Ou seja… quem mais criticava a minha alimentação “natural” eram justamente aqueles que não tinham lá uma dieta exemplar.

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"Ser vegana sempre foi uma escolha espiritual, mas minha saúde me mostrou os limites disso"

Anônima, Empresária, 30 anos - Julho 2025

Fui vegana por quase toda a minha vida. Só deixei de ser quando me casei — e especialmente quando tomei a decisão de ser mãe.

 

Me tornei vegana ainda na adolescência. Acreditava (e ainda acredito) que o abate é extremamente desumano. Para mim, adotar uma alimentação sem produtos de origem animal era uma forma mais humanamente adequada de estar no mundo.

 

Sou filha de uma bruxa, de uma longa linhagem ligada profundamente à natureza. Sempre vivemos em fazenda, sempre estivemos cercadas por animais. Mas, paradoxalmente, vi cenas muito traumáticas durante a infância: minha mãe matava galinhas de forma cruel, algo que me assustava profundamente.

 

Muitas amigas que cresceram comigo passavam por experiências parecidas. Todas nós, bruxas em formação, ficávamos perturbadas com esses rituais (ou covens) e com a forma como a tradição tratava os animais. Foi assim que surgiu o nosso veganismo: como uma forma de romper com a violência que víamos. A gente dizia que éramos bruxas veganas — inclusive fazíamos feijoada vegana, o que nos fazia rir, porque sabíamos que nem os nossos deuses gostavam muito de frutas e verduras.

 

Não me tornei vegana por influência de outras pessoas, redes sociais ou militância. Foi uma escolha baseada na minha cultura e na minha fé. Não participei de movimentos ativistas; apenas vivi assim — naturalmente — sem consumir nenhum produto de origem animal, nem mesmo roupas, calçados ou cosméticos. E quando, sem querer, eu acabava usando algo que continha ingredientes de origem animal (como um xampu), sempre aparecia alguém ao meu redor que me alertava e sugeria alternativas mais compatíveis com meu estilo de vida.

 

Aos 28 anos, já com a minha casa montada, conheci meu marido. Logo de início, ele comentou que eu era muito pálida e sugeriu que eu procurasse um médico. Fiz os exames indicados e descobri que estava com ferritina extremamente baixa e um quadro severo de anemia.

 

Até hoje lido com os efeitos do veganismo no meu corpo. Preciso suplementar ferro regularmente. Foi essa experiência que me fez entender o veganismo como um tipo de sacrifício pessoal — uma entrega do próprio bem-estar e saúde em prol da vida de outras espécies.

 

Voltar a comer carne foi uma recomendação médica, e foi difícil. Não foi uma decisão emocional, mas racional, diante dos impactos da minha dieta na saúde. E, mesmo agora, é uma escolha diária. Não tenho desejo por carne. Não há nada dentro de mim que goste de comer carne. Ainda prefiro o sabor e a leveza da alimentação vegana. Mas hoje sei que não é algo que posso sustentar sem prejuízos.

 

Sempre fui magra, nunca tive problemas com peso. Comer, para mim, sempre foi uma experiência boa — nunca um fardo. A vida como vegana, nesse sentido, não era diferente da vida de alguém celíaco: cheia de restrições, vigilância constante, atenção com rótulos e ingredientes.

 

Aliás, outro sintoma que desenvolvi durante o veganismo foi a intolerância ao glúten. E isso, acredito, tem relação direta com o tipo de alimentação que eu seguia. Veganos, em geral, consomem muitas massas e farinhas. A intolerância veio como um prelúdio, um sinal do que viria depois.

 

Se pudesse resumir, diria que: eu gosto de comer como vegana, mas não recomendo o veganismo.

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"Por que deixei de ser vegana"

Anônima, Cantora, 21 anos - Julho 2025

Me tornei vegana aos 12 anos, mas minha relação com os animais e com a alimentação começou bem antes disso. Desde pequena, sempre senti uma compaixão muito grande pelos animais — até insetos eu evitava matar. Lembro de questionar minha mãe se o peixe do prato era o mesmo que eu via no mar. Ela me dizia que não, que era outra coisa, apenas para eu continuar comendo sem culpa.

 

A decisão de mudar veio de forma mais concreta quando uma professora de Português, que era vegana, mostrou vídeos de abate em sala de aula. Aquilo mexeu profundamente comigo. Mesmo enfrentando resistência da minha mãe, resolvi parar de consumir qualquer produto de origem animal. Foi uma decisão convicta. Comecei a aprender a cozinhar sozinha, criei um blog de receitas veganas e, para minha surpresa, ele fez muito sucesso.

 

Foram nove anos sendo vegana. Eu gostava de verdade desse estilo de vida. Tinha acompanhamento médico e nutricional, vendia doces veganos, e me sentia parte de algo maior. Militava, inclusive. Defendia o veganismo com unhas e dentes e não acreditava que alguém pudesse adoecer com esse tipo de alimentação.

 

Mas, alguns anos depois, um pouco antes da pandemia, comecei a sentir alguns efeitos estranhos. Apesar de ir à academia, sentia muita fraqueza, ficava tonta com facilidade, minhas mãos estavam sempre amareladas, eu tremia e simplesmente não conseguia me bronzear. Tive até episódios de desmaio, o famoso "teto preto". Fiz exames de sangue e, curiosamente, tudo parecia normal. Ainda assim, as olheiras eram profundas, o cansaço constante. Visitei vários médicos, inclusive endocrinologistas, mas ninguém encontrava nada de errado.

 

Quando peguei covid, tudo piorou. Mesmo após a recuperação da infecção, fiquei ainda mais fraca. Desmaiava lavando louça, sentia cansaço extremo após qualquer esforço, e dormia excessivamente. Às vezes, dormia até estudando. Tudo dava sono.

 

Foi só depois de insistir em novos exames que descobri que estava com os níveis de ferro e B12 extremamente baixos. Também estavam alterados o T4 e o TSH. Foi então que recebi o diagnóstico de Hashimoto. Desde então, tomo T4 diariamente.

 

Essa fase me fez refletir muito. Eu, que defendia tanto o veganismo, comecei a perceber que muitas pessoas ao meu redor, também veganas, apresentavam aspectos de saúde parecidos. Pele pálida, falta de energia. Na época, eu tinha 16 ou 17 anos, me alimentava de forma super natural e limpa, evitava açúcar, fazia parcerias com academia e treinava com frequência — e ainda assim não conseguia ganhar massa muscular. Meu corpo parecia flácido, mesmo com todo o esforço.

 

Foi aí que decidi voltar a comer alimentos de origem animal. Não queria depender de suplementos caros, injeções de ferro ou remédios para sempre. A primeira coisa que comi foi ovo. Depois, peixe. Por fim, carne. E a melhora foi quase imediata. A força voltou, a disposição também. O corpo respondeu rápido.

 

Demorei mais para voltar a consumir leite e derivados. Acho que desenvolvi algum tipo de intolerância por ter passado tanto tempo sem consumir esses alimentos, mas hoje consigo comer com parcimônia. Cheguei até a fazer meu próprio iogurte em casa.

 

Minha família ficou aliviada e feliz quando voltei a consumir produtos de origem animal.

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"Do plant-based à comida de verdade: quando a ficha caiu"

Anônima, Engenheira de Alimentos, 42 anos - Julho 2025

Sou engenheira de alimentos e sempre trabalhei com ingredientes. Minha jornada no vegetarianismo começou por causa da minha atuação profissional, e não necessariamente por questões ideológicas. Mas, se fosse para escolher um motivador, eu diria que foi por achar que seria mais saudável, já a questão dos animais e do planeta era algo mais secundário.

 

Em 2018, eu trabalhava em uma empresa de ingredientes que comercializava soluções para o processamento de produtos plant-based, como análogos de leite e carne. Naquele momento, esse era o assunto da vez. Parecia que tudo girava em torno disso — mercado, mídia, feiras, tendências. Nesse período, fiz um intercâmbio de treinamento nos Estados Unidos, e lá a febre do plant-based era ainda maior: os supermercados estavam cheios de novidades, e os restaurantes acompanhavam a onda. Eu mesma me senti dentro de uma bolha.

 

Nesse contexto, decidi me tornar vegetariana. Tudo fazia sentido. Em 2019, quase me tornei vegana. Cheguei a adotar uma dieta 100% vegetal por cerca de seis meses, mas a rotina se tornou muito restritiva — especialmente em momentos sociais, como eventos, restaurantes e encontros. Então recuei e segui como vegetariana.

 

Antes disso, eu consumia carne diariamente. Gostava de tudo: peixe, frango, carne vermelha. E, como muitas pessoas, achava que as opções com menos gordura eram sempre as mais saudáveis. Nunca tive uma preocupação específica com o consumo de proteína ou com a qualidade nutricional da dieta, apenas seguia o que parecia “correto” na época.

 

A partir de 2022, já no cenário pós-pandemia e fora da empresa onde trabalhava, comecei a estudar mais profundamente temas como jejum intermitente, fisiologia, nutrição e ancestralidade alimentar. Ainda evitava o consumo de carnes, mas incluía ovos e leite.

 

Em 2023, alguns exames mostraram alterações: cálcio iônico um pouco abaixo, fosfatase alcalina baixa, T4 livre discretamente reduzido, testosterona no limite inferior, fósforo perto do limiar inferior e Vitamina D próxima do mínimo recomendado.

 

Em 2024, comecei a ter muitos desconfortos intestinais, como flatulência e inchaço abdominal. Achava que era algo normal, causado pelo consumo de vegetais ricos em  FODMAPs (carboidratos de cadeia curta), e, de certa forma, aceitei isso. Como estava estudando bastante sobre o tema, encontrei os trabalhos do Dr. Jason Fung, especialista em jejum, e isso me levou a conhecer outros profissionais, como Alexandre Duarte e o nutricionista Henrique Autran. Foi aí que a ficha começou a cair.

 

Vou fazer 42 anos em 2025. No ano passado, comecei a me incomodar com o acúmulo de gordura abdominal e a sentir que algo estava desalinhado no meu corpo. Fiquei em dúvida sobre como estavam meus hormônios — o que me levou a procurar profissionais da medicina integrativa e a aprofundar ainda mais meus estudos sobre genética e fisiologia.

 

Percebi que o vegetarianismo, apesar de ter feito parte da minha vida por anos, não era algo natural para mim. Voltei a comer carne no início de 2025 — de forma abrupta, sem muita transição ou cuidados — e o impacto foi muito positivo. Adotei uma dieta low carb, rica em gorduras e proteínas, e foi como se meu corpo respirasse aliviado. Minha disposição aumentou, senti mais energia e, como já praticava o jejum intermitente, a adaptação à nova alimentação foi bastante natural.

 

Meus exames mostraram que eu estava com hipocloridria (baixa produção de ácido clorídrico), o que explicava muitos dos desconfortos intestinais que sentia. Comecei a suplementar com ácido clorídrico, e a digestão melhorou significativamente.

 

Hoje, não tenho nenhum medo da gordura da carne. Me surpreende como seguimos, por tanto tempo, ideias que parecem verdades absolutas — como a de que a gordura animal faz mal — sem nunca questioná-las. Se não estudarmos, ficamos presos ao senso comum.

 

Meu foco agora é atingir uma meta mínima de proteína diária. Não faço restrições às gorduras e consumo pouquíssimos carboidratos. Não priorizo vegetais, fibras ou frutas. Sigo com acompanhamento médico e, até o momento, meus exames mostram um excelente equilíbrio hormonal.

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Fui vegetariana dos 10 aos 28 anos — até perceber que meu corpo não estava mais dando conta

Anônima, Arquiteta, 30 anos (2025)

Decidi me tornar vegetariana por conta própria aos 10 anos de idade. Nenhuma influência externa ou familiar — ninguém na minha casa era vegetariano. Simplesmente nunca gostei do gosto da carne, especialmente de carnes vermelhas e peixes. Frango foi o último tipo de carne que deixei de comer, por ser o mais “aceitável” para mim.

 

No início, minha alimentação era muito bem cuidada. Eu morava com a minha mãe, que se preocupava bastante em variar os alimentos e garantir boas substituições. Comia muitos grãos, como feijão, soja (principalmente o grão mesmo), ervilha, quinoa e cereais variados. Ovos apareciam mais como ingrediente em receitas do que consumidos diretamente, e o leite sempre esteve presente no meu dia a dia. Nos exames, meus resultados sempre eram elogiados pelos médicos — meu sangue era considerado o “melhor da família”.

 

As coisas começaram a mudar quando fui morar sozinha, aos 21 anos, para cursar a faculdade. Minha rotina alimentar ficou mais desorganizada, e passei a depender do bandejão da universidade e de opções rápidas e práticas, como miojo e bisnaguinha. Aos poucos, comecei a perceber que meu nível de energia estava caindo. O cansaço se tornou frequente, a fraqueza veio junto, e meu cabelo começou a cair bastante. Por volta dos 22, 23 anos, esses sintomas se intensificaram.

 

Sempre tive fluxo menstrual intenso, e isso, aliado à alimentação deficiente em ferro, fez com que meus estoques começassem a despencar. Mesmo sem ter desenvolvido um quadro de anemia, precisei fazer reposições de ferro por via intravenosa em pelo menos duas ou três ocasiões. Os médicos me explicaram que, no meu caso, a suplementação oral não era suficiente — a ferritina até subia, mas caía rapidamente nos meses seguintes.

 

Continuei fazendo exames com certa frequência. Meus níveis de vitamina B12 sempre foram bons, assim como os hormônios da tireoide (T3 e T4). O problema recorrente era mesmo o ferro: ferritina baixa, energia baixa.

 

Em 2022 fiz minha última reposição de ferro por indicação médica. Já em 2024, percebi novamente uma piora, e tomei por conta própria um polivitamínico com ferro, menos concentrado. Alguns meses depois, repeti uma reposição leve, mas ainda sem repetir os exames de sangue. Eu já sei que minha tendência é ter o ferro baixo, então fui tentando prevenir uma nova queda acentuada. Mas a verdade é que preciso acompanhar melhor isso.

 

Diante de tudo isso, resolvi voltar a comer carne em 2024. Ainda não refiz os exames desde então, mas a decisão foi baseada no que meu corpo já vinha sinalizando há anos. Hoje em dia, consumo carne principalmente no almoço — algo como 4 ou 5 colheres de sopa de carne moída ou frango. À noite, o consumo é bem menor e mais irregular: às vezes peito de peru, às vezes um wrap com frango desfiado ou um hambúrguer. Frango continua sendo a carne mais fácil de comer; carne vermelha ainda me incomoda pelo gosto e pelo cheiro. Peixe, então, nem se fala — nunca gostei muito, só comia salmão com limão quando era pequena.

 

Ainda mantenho muitos hábitos da época em que era vegetariana. Como ovos todos os dias, religiosamente. Os grãos acabei reduzindo um pouco, mais por praticidade do que por escolha consciente. Aos poucos, vou tentando encontrar um novo equilíbrio entre aquilo que me faz bem e o que meu corpo realmente precisa.

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Comida, Política e Realidade: Minha Experiência como Jovem Vegetariana

Anônima ~22 anos (2025)

Comecei o vegetarianismo aos 19 anos, motivada por questões políticas e filosóficas. Sempre vi o veganismo como uma pauta de justiça social, que inclui a libertação animal e também o reconhecimento dos impactos ambientais causados pela produção de alimentos de origem animal.

 

No entanto, depois de cerca de um ano e meio seguindo essa alimentação, percebi que o conteúdo disponível sobre o tema não dialogava com a minha realidade. As receitas eram caras, os ingredientes difíceis de encontrar, e o veganismo que eu encontrava nas redes era muito gourmetizado.

 

Minha rotina era puxada — conciliando trabalho, estudo e com poucos recursos financeiros. Não conseguia, por exemplo, acompanhamento com nutricionistas especializadas para me orientar sobre substituições adequadas. Por isso, acabei recorrendo com frequência a produtos ultraprocessados, mesmo que livres de ingredientes de origem animal. Apesar de veganos, eles não me faziam bem — e minha saúde começou a sentir.

 

Continuei consumindo ovos e laticínios, e mesmo comendo carne anteriormente, já tinha histórico de ferritina baixa. Durante o período vegetariano, essa questão se manteve, e a falta de suporte profissional dificultou ainda mais os ajustes na alimentação.

 

Diante disso, voltei a comer carne, em menor quantidade, principalmente por questões práticas e de saúde. Ainda assim, sigo estudando sobre o tema — agora com foco em um veganismo mais acessível e popular, que faz mais sentido com a minha vivência.

 

Tenho o objetivo de voltar ao vegetarianismo, mas de uma forma mais realista e sustentável. Acredito que essa é a maneira mais coerente com o que penso e com a vida que levo.

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Voltei a comer carne por vontade — não por falta de saúde

Anônima, Estilista, 41 anos (2025)

Tenho 41 anos, sou estilista e formada em Design de Moda. Me tornei vegetariana por volta dos 23 anos, motivada exclusivamente pela questão dos animais. Eu já vinha refletindo sobre o tema e, após assistir a um documentário sobre abate e maus-tratos, fiquei completamente chocada. Naquele momento, percebi que não podia mais compactuar com aquilo. Simplesmente não fazia sentido continuar consumindo carne.

 

Cortei completamente todos os tipos de carne, mas continuei consumindo ovos e laticínios — nunca cheguei a adotar o veganismo. Durante esse período, que durou cerca de 4 ou 5 anos, me sentia bem, nunca tive problemas de saúde, deficiência de vitaminas ou alterações em exames. Minha escolha foi ética, não por questões físicas ou nutricionais.

 

Depois de alguns anos, comecei a sentir vontade de comer peixe — e, em seguida, frango. Voltei a consumir esses alimentos aos poucos, não por uma necessidade médica, mas simplesmente por desejo. Por mais que eu amasse os animais e acreditasse na causa, percebi que negar uma vontade genuína estava começando a me fazer mal psicologicamente. Não queria transformar minha alimentação em uma restrição rígida que me causasse sofrimento. Era importante respeitar meu próprio corpo e minhas vontades também.

 

A carne vermelha, no entanto, nunca voltei a consumir. Até hoje, não como — sinto como se fosse fazer algo errado, talvez por ainda carregar um sentimento de culpa, mesmo que eu reconheça que esse pensamento é muito pessoal. Curiosamente, tenho sentido vontade recentemente — não da carne em si, mas de pratos tradicionais que levam carne vermelha —, mas ainda não dei esse passo.

 

Sou casada e meu marido nunca foi vegetariano, mas sempre respeitou minhas escolhas. Nunca tivemos conflitos por isso. No início da minha transição alimentar, era difícil encontrar pratos vegetarianos em bares e restaurantes. Muitas vezes eu acabava ficando no queijo e batata. Hoje, felizmente, a oferta é muito maior, e até meu marido prefere, em alguns casos, pedir os pratos vegetarianos comigo.

 

Nas reuniões de família, também sempre fui respeitada. Fui a única vegetariana por muito tempo, mas meus familiares sempre fizeram questão de preparar opções para mim. Ainda hoje, como não consumo carne vermelha, continuam atentos a isso.

 

Não me arrependo, de forma alguma, de ter me tornado vegetariana. Foi uma decisão que refletia minhas convicções mais profundas. Ao mesmo tempo, também não me arrependo de ter voltado a consumir peixe e frango. Encontrei uma forma de conciliar meus valores com a minha realidade. Ainda acredito que não precisamos de carne para sobreviver — conheço muitas pessoas vegetarianas e veganas extremamente saudáveis, assim como eu fui —, mas também respeito quem consome. O importante, para mim, é que essa escolha seja feita de forma consciente e verdadeira.

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